domingo, 16 de setembro de 2018

Parte 2: A cadeia de valor mundial de energia solar fotovoltaica

Potencial fotovoltaico

De acordo com a Agência Internacional de Energia, do inglês International Energy Agency (IEA), a energia solar fotovoltaica poderá representar um terço da produção global de energia elétrica do mundo até 2060 (IEA, 2011). Estudos da Bloomberg apontam que a energia solar fotovoltaica representará mais de 25% da matriz elétrica global já em 2040, portanto, em menos de 25 anos (BNEF, 2016b). Com isso, a energia fotovoltaica tem o potencial para ser a maior fonte de eletricidade no mundo em longo prazo, devido à abundância e à distribuição do recurso solar no planeta, à constante redução dos custos da tecnologia (histórico e projeção) e às melhorias em eficiência de materiais e conversão. Isso sem mencionar a tendência global em direção às fontes de energia limpas e sustentáveis e as mudanças climáticas.

A figura, a seguir, mostra a disponibilidade e distribuição de radiação solar em todo o mundo. É possível notar regiões de maior potencial, tais como África, Austrália, Emirados Árabes, Irã, parte da China, parte dos Estados Unidos e, na América Latina, Chile, México, Brasil, Argentina, Bolívia, Peru, dentre outros.

Em um país ensolarado como o Brasil, este potencial é ainda mais possível e viável. De acordo com as projeções da Bloomberg New Energy Finance (2016b), a energia fotovoltaica representará por volta de 32% da matriz elétrica brasileira, passando da fonte com menor representatividade na matriz em 2016 para a fonte com a maior representatividade em 2040, com capacidade instalada entre 110 e 126 GWac.

Conforme dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPEs) (Pereira, 2006), o Brasil apresenta um excelente recurso solar, que varia entre 1.500 e 2.350 kWh/m2/ano. É um recurso bem distribuído ao redor do país, superior ao verificado em países como a Alemanha (900 a 1.250 kWh/m2/ano), a França (900 a 1.650 kWh/m2/ano) e até mesmo a Espanha (1.200 a 1.850 kWh/m2/ano). Os estados com maiores índices de radiação solar no Brasil são Bahia, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Antes de entrar no tema de capacidade instalada faz-se necessário um esclarecimento quanto às unidades de potência elétrica apresentadas. No capítulo 1, foi apresentado o conceito de DC e AC.
Como a fonte fotovoltaica é produzida a partir dos módulos em corrente contínua, a cadeia produtiva do segmento solar trabalha com essa unidade denominada Watt dc ou Watt pico ou, simplesmente, pela sua sigla Wp. Não obstante, o segmento elétrico, em geral, no Brasil e no mundo, comumente trabalha com potência em corrente alternada, cuja unidade pode ser denominada como Watt ac ou simplesmente Watt; inclusive sendo esta a unidade padrão das matrizes elétricas dos países.

Dessa maneira, é necessária a conversão entre as correntes para a inserção dessa energia no sistema integrado. Porém, com a conversão entre as correntes, uma parte da potência é perdida devido ao inversor de correntes. Assim, a potência final (Wac) é dada pela multiplicação da potência produzida pelos módulos fotovoltaicos (Wdc) e a eficiência do inversor, que varia entre 80 a 95%.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a fonte fotovoltaica tem um potencial técnico em território nacional de mais de 28.500 Giga Watt pico (GWp) em aplicações de geração centralizada, e 164,1 GWp em aplicações de geração distribuída, apenas levando-se em consideração o segmento residencial. Esse potencial técnico solar fotovoltaico já exclui áreas sensíveis como a Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica, unidades de conservação, terras indígenas e comunidades quilombolas e representa, segundo a ABSOLAR, uma avaliação conservadora do potencial técnico do país. Portanto, o potencial técnico da energia fotovoltaica no Brasil é enorme, maior que a somatória do potencial técnico de todas as outras fontes de energia do país. Como referência, a fonte hídrica tem um potencial inexplorado de 172 GWac (Tolmasquim, 2003), em que mais de um terço desse potencial está localizado na região amazônica. De acordo com o Ministério de Minas e Energias (MME), a fonte eólica, por sua vez, tem um potencial estimado de 350 GWac (MME, 2016).

Além disso, pesquisa realizada no Brasil em dezembro de 2016, pelo Greenpeace Brasil e Datafolha, mostra que 72% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a comprar um sistema fotovoltaico de geração solar distribuída desde que houvesse uma linha de financiamento com juros baixos, sinalizando um grande mercado potencial (São Paulo, 2017b).

Fonte: Sebrae

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