quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Carro elétrico é o futuro? Ainda estamos longe e as montadoras nos iludem

A curiosa catilinária elétrica assumida em discursos de governos de alguns países, grupos de pressão (alguns bem intencionados) e até fabricantes de veículos, sempre repercutidos pelo sabor da novidade, continua. 

Análise mais prudente deveria ser simplória: querer não é
poder. Na vida real há bem mais dificuldades do que se imagina. Voluntarismo nunca funciona pois, afinal, erros podem sair muito caros.

Para começar, existe grande confusão entre carro eletrificado e carro elétrico. No primeiro caso, o motor a combustão continua presente, meramente auxiliado por um elétrico e por isso considerado híbrido. Já há uma segunda categoria de híbrido cuja autonomia elétrica é muito baixa (em torno de 50 km), mas a bateria pode ser recarregada tanto em tomadas quanto pelo próprio motor a combustão.

O elétrico puro ainda tem grandes desafios a superar até atingir um mínimo de 500 km de autonomia e dispor de pontos de recarga bem distribuídos. Sem contar o problema, ainda por equacionar, de reciclagem de baterias.

Prazo sem tecnologia? 

Governos de países europeus querem impor datas fatais para que só elétricos possam ser vendidos, sem dizer se híbridos estão incluídos (provavelmente, sim). Alemanha tem uma meta informal de registrar frota de um milhão de veículos elétricos até 2020. No ano passado, eram cerca de 75 mil -- então, se trata de "coisa para alemão ver". 

A China parece mais focada nas intenções de crescimento, de certa forma viáveis. Em recente palestra nos EUA, Don Walker, presidente da Magna, gigante canadense de autopeças, tocou o dedo na ferida: previu que elétricos (de verdade) responderão por apenas 3% a 6% do mercado global de veículos até 2025, isso se a China tiver sucesso em seus planos. "Bem francamente, fabricantes de veículos não falam em público no que realmente acreditam. 

Sabem o que vai acontecer, mas preferem jogar para a plateia e serem percebidas como empresas progressistas", disparou.

No Brasil, então, não há força e nem há querer por razões econômicas, logísticas e técnicas para isso. No recente 13º Salão de Veículos Híbridos-Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias, realizado em São Paulo, apareceram dois novos importadores de marcas chinesas: Aoxin e Lgao. Testes de alguns modelos, em área coberta, atraíram a curiosidade de cerca de 6.000 visitantes em quatro dias de exposições.

Custos elevados

Entre as grandes dificuldades para crescimento, mesmo incipiente, da opção elétrica no país estão os custos envolvidos. Governos em todos os níveis estão exauridos financeiramente. Incentivos pesados, como ocorrem no exterior, nem ao menos apontam num horizonte longínquo, salvo iniciativas específicas e limitadas. Hoje, em todo o território nacional, há apenas 100 pontos de recarga. Então de pouco adiantaria ter disponibilidade de energia elétrica de fontes limpas como ocorre no Brasil, apesar de altos e baixos que dependem do regime de chuvas. Um recado nada animador, porém, veio de uma palestra do analista Ricardo Zommer, do Ministério da Indústria (e outros longos apêndices), durante o Salão: "Espaço (fiscal) para financiar infraestrutura para carros elétricos é inexistente". Melhor ser sincero, sem alimentar ilusões.

Fonte: Uol

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