São Paulo – Com previsão de multiplicar em 11 vezes a capacidade este
ano, o setor de energia solar fotovoltaica deve atingir potência 1 mil
megawatts (MW). Apesar da maior parte da expansão vir de grandes usinas,
pequenos investidores, com parques de até 5 MW, começam a avançar no segmento.
O presidente da Associação Brasileira de Energia
Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, diz que este ano o mercado “dará um salto”, já que no final do ano passado a potência instalada era de apenas 90 MW. O crescimento é resultado da energia contratada em leilões realizados pelo governo federal nos anos de 2014 e em 2015.
Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, diz que este ano o mercado “dará um salto”, já que no final do ano passado a potência instalada era de apenas 90 MW. O crescimento é resultado da energia contratada em leilões realizados pelo governo federal nos anos de 2014 e em 2015.
“Até agora já contamos com 250 megawatts, o que é um avanço frente ao
que tínhamos no início do ano, porém vamos encerrar o ano com 1 gigawatt”,
projeta o dirigente.
De acordo com ele, os investimentos aplicados pelo setor acumulam, desde
2010, um montante de R$ 5 bilhões – dos quais cerca de 90% serão aportados ao
longo deste ano. ” No ano que vem vamos multi-plicar ainda mais esses
investimentos”, estima Rodrigo Sauaia.
Segundo o diretor-presidente da Yaskawa, Luís Simione, a empresa quer
aproveitar o crescimento do mercado brasileiro e está lançando seu primeiro
inversor fotovoltaico produzido no País, a partir da planta em Diadema, em São
Paulo. O equipamento, por possuir conteúdo local, pode ser financiado por uma linha
do Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A intenção da empresa é produzir equipamentos, que possam atingir entre
750 kilowatts (KW) e 1 mil KW, que, de forma combinada, formem centrais de 100
MW a 250 MW. A empresa já opera cerca de 3 GW de capacidade com equipamentos
fotovoltaicos principalmente nos Estados Unidos, além do Japão e da China.
INVESTIDORES
Simione destaca que os principais clientes são as grandes usinas, com
capacidade de geração de 20 MW a 30 MW. No entanto, ele ressalta que, em
paralelo, há demanda para um mercado de pequenas usinas, de 1 MW, 2 MW ou até 5
MW.
“Enxergamos interessados em desenvolver áreas, implantar painéis e
vender os créditos de energia no mercado livre”, afirma. Ele reforça, porém,
que são investimentos de longo prazo. “Mas é um mercado que vem atraindo
empreendedores”, acrescenta o executivo.
As pequenas usinas geram, em média, 100 vezes menos que equipamentos
instalados, por exemplo, em residências. Entre os clientes da empresa há estudo
para implantação principalmente no Nordeste e Sudeste.
“Falta é uma maior clareza, por parte do governo, sobre como os
investidores podem ingressar nesse mercado”, observa do executivo da Yaskawa.
O diretor de soluções B2B da Enel, Rafael Coelho, conta que a empresa
investiu e construiu um condomínio solar, com 19 lotes, no interior do Ceará,
com uma capacidade de 1 MW, cuja energia foi vendida, num contrato de longo
prazo, à rede de farmácia Pague Menos. São 3,4 mil placas suficientes para
abastecer 900 casas ao mês.
“Nós investimentos na usina, geramos a energia e os clientes recebem
créditos em sua conta”, explica Coelho, destacando que o modelo foi desenhado
para que a distribuição da energia possa ser consumida num local diferente de
onde for gerada.
Na visão dele, o comércio e a indústria são os maiores demandadores
deste serviço. As principais razões para as empresas buscarem por condomínios
solares são a falta de espaço no telhado, a falta de linhas de financiamento ou
até mesmo não contar com imóveis próprios, já que os aportes são altos e com
retorno de longo prazo.
“As empresas preferem investir em estoque ou capital de giro do que em
equipamentos para reduzir a conta de energia”, acrescenta o executivo da B2B.
RESIDENCIAIS
De acordo com a Abosolar o Brasil possui, atualmente, cerca de 13,6 mil
sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede. Os consumidores residenciais
lideram o uso da fonte renovável, com 42% da potência instalada no País,
seguida por empresas do comércio e serviços (38%), indústria (11%), poder
público (5%) e zona rural (3%).
Para aproveitar essa fatia de mercado e minimizar um dos gargalos do
setor, que é o financiamento à compra dos equipamentos solares, a BV Financeira
abriu uma linha de crédito, com juros de 1,56% ao mês, voltado à pessoa física,
com prazos entre 12 e 60 meses. “Há um potencial de 6 milhões de residências,
já que o Brasil tem a quarta maior área de ensolação do mundo”, diz o executivo
do Banco Votorantim, Gabriel Ferreira. Segundo ele, o valor mínimo por operação
é de R$ 5 mil, mas a média das contratações devem ficar entre R$ 20 mil e R$ 25
mil.
Segundo Sauaia a falta de financiamento é um dos gargalos do setor. “O
sistema fotovoltaico precisa ser compreendido como um bem durável, de longa
duração”, afirma. Apenas os pequenos geradores respondem por cerca de 106 MW.
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